Missões – Questões de ontem para a mulher de hoje

Introdução

Seria muito interessante uma conversa de uma mulher cristã do século XXI com uma do século XIX, ambas da sociedade ocidental. Penso que os paradigmas se chocariam tanto que a do passado se tornaria uma revolucionária militante dos direitos da mulher em seu tempo, e a contemporânea, uma historiadora (antropóloga ou teóloga), igualmente preocupada com as injustiças, as violências, as ideologias sociais, evidentemente exteriores à Bíblia, mas que foram dadas como teologia. Se acreditamos nas palavras de Padilla (2003, p.106, 107) de que não temos uma teologia latino-americana, sul americana, e daí mais próxima da nossa realidade e dos nossos conflitos sócio-culturais e pessoais pós-modernos, eis aí uma questão que não pode desmerecer nossa atenção: O que é a mulher americana (brasileira, particularizando um pouco mais) à luz da Bíblia e enquanto missionária?

Com base nas minhas leituras sobre o tema, dados, convivência, conversas e experiência de campo, resumo aqui, da perspectiva da mulher enquanto esposa de missionário, o que passamos no campo missionário, a partir de uma visão íntima de nossa vida como missionária, também esposa e mãe.  Tarefas múltiplas que vêm no pacote de se estar “ao lado” de um grande homem de Deus. Para tanto, me proponho a olhar os lares de quatro grandes e conhecidos missionários no século XIX que inegavelmente marcaram a história da igreja/missões e até hoje inspiram novos obreiros. Estes são: William Carey, Hudson Taylor, Adoniram Judson e David Livingstone. Evidentemente, atendendo ao tema, não é deles que pretendo falar, mas sim de suas esposas sem nome na história. São quatro mulheres, com histórias que se cruzam no que diz respeito a sofrimento, morte, abandono e invisibilidade.

Minha referência de partida será o texto de Ruth A. Tucker (1986). Já as inquietações vêm de mim mesma.  

Dorothy Carey, a louca missionária.

De Dorothy Carey temos apenas uma história de críticas e de incompreensões. Uma mulher analfabeta (TUCKER, 1986, p.125), pobre, mãe e do lar – típica mulher cristã européia no século XVIII. Embora não pretenda advogar tardiamente em favor de Dorothy Carey, não posso deixar de, na minha leitura, ver como seu esposo no afã de cumprir sua missão, passou por cima de tantos princípios bíblico-familiares ensinados em nossas igrejas atuais. Ele era “chamado”, ela não. Dorothy foi resoluta, firme até onde pode, mas teve que ceder e acompanhar seu marido que até já a havia abandonado: estavam em jogo seus filhos, sua segurança, seu futuro. Como ela viveria na Inglaterra sem um esposo? Como sobreviveria com tantas críticas, olhares condenatórios, levando nos ombros o estigma de uma egoísta opositora ao chamado de Deus para o seu marido? Realmente, ela não teve alternativas.

Temos muitas ‘Dorothy’s nas nossas igrejas contemporâneas: esposas que calaram-se e não intervieram diretamente no chamado ministerial de seus maridos pastores ou missionários. É que no afã de servir, os maridos – às vezes, deslumbrados com o ministério ou portas abertas, acaba deixando (involuntariamente) à mulher a tarefa de pensar a realidade por ele. As questões práticas sobre filhos, escola, segurança… E é aí que se tornam vilãs.

Dorothy, mesmo assim, cheia de incertezas, foi à Índia…

Dorothy foi sempre dada como um estorvo na vida desse grande homem de Deus. Uma mulher tomada pela depressão, loucura, tristeza. Foi mal-amada, incompreendida em seus sentimentos e vontades. Chamada de “completamente louca” (TUCKER, 1986, p.123), “insana, frequentemente alterada ao máximo” (Idem, p.125). Assim morreu em 1807. Casada com o “pai de missões modernas”, ela efetivamente não foi a “mãe de missões”. Nunca traduziu nada (como ele tanto fez), ninguém jamais foi ao campo inspirado por sua vida (sua biografia é insignificante aos cristãos). Antes sempre foi vista como tropeço, desinteressada, estigmatizada como “a esposa [que] não tinha interesse nos esforços de seu marido e enlouqueceu” (BOYER, 1999, p.99). Se Carey foi o herói, temos aqui uma vilã, dentro de casa, para consolidar seu trunfo.  

 

Maria Taylor – filha de missionários, missionária e esposa de missionário, mas anônima

“… Maria, sua primeira mulher, mostrou-se indispensável para colocar o plano em ação” (TUCKER, 1986, p.183).

Começando assim, parece que a situação mudou!

Maria não foi o primeiro amor de Hudson Taylor. Antes de conhecê-la ele se apaixonou por uma jovem inglesa por nome Vaughn, que se recusou ir para a China com ele. Maria foi.

Em 1865, já tinham quatro filhos com os quais viajavam a todo lugar.

Em 1867, a pequena Gracie Taylor, com apenas oito anos, adoeceu. Hudson tentou de tudo para ajudá-la, mas ela não melhorava, e enquanto ausentou-se para tratar de uma missionária doente, a criança piorou, e “a demora de Taylor em voltar para tratar Gracie foi fatal” (TUCKER, 1986, p.192). Que mãe não repensaria seu chamado nessa situação? Mas ainda não era o fim… Quando se preparavam para enviar seus filhos para Inglaterra, a fim de serem educados pela missionária Emily Blatchley, “o pequeno e frágil Sammy de cinco anos, não suportou a crise e morreu em princípios de fevereiro” (TUCKER, 1986, p. 193). A decisão de mandar as crianças para Inglaterra, entretanto, permaneceu. Missionários transculturais vivem na fronteira entre o ministério e o bem da família.

Assim, Maria despediu-se de seus filhos sem saber, porém, que seria seu último adeus, pois logo em seguida ela engravidou e ficou gravemente doente. Deu à luz a um menino que viveu menos de duas semanas, e depois de alguns dias, ela própria morreu, de cólera, ainda jovem: 35 anos de idade!

Muitas Marias, como filhas de missionários, ainda estão crescendo nos campos missionários. Crescer na Missão é bom, mas tem seu preço, afinal a criança será uma estrangeira no país de seu próprios pais. Outras Marias, como esposa, dividem-se entre o lar e o ministério. Cuidam da casa, do marido e dos filhos e ainda acham tempo para aprender a língua do povo de seu ministério; Há também outras Marias que são fortes – ou loucas o suficiente – para separarem-se dos seus filhos por força da impossibilidade de viver com eles em segurança e conforto como merecem, dando-lhes a educação que precisam. São essas Marias, mulheres missionárias anônimas nos “lugares mais distantes da terra” (Atos 1:8; NTLH), como na selva amazônica, por exemplo.  

Ann Judson (Nancy): Missionária (em primeiro lugar)-esposa

“… Nancy tinha grande interesse nos pagãos e insistiu em que sua ida à Índia não se devia ao ‘apego a um objeto terreno’, isto é, Adoniram, mas por causa de sua ‘obrigação com Deus… com a plena convicção de tratar-se de um chamado…” (TUCKER, 1986, p.130).

Temos aqui outro perfil de esposa de missionário: a que tem convicção de seu chamado individual. Esta não está no campo como esposa, como uma filha de missionário que retorna ao lar, seguindo os passos de seus pais. Ela tem consciência de que há uma tarefa específica, individualmente dela, mesmo que tenha atribuições doméstica, materna e conjugal.

Mulheres assim, notoriamente corajosas, acreditam que é possível fazer no campo tudo o que sempre intentaram fazer, mesmo ao lado do esposo. Precisam atentar para a prioridade do lar, pois uma vez casada “a que se casou, porém, se preocupa com as coisas do mundo, de como agradar ao marido.” (PAULO, 1 Co 7:33, 34. ARA). O curioso é que é dito o mesmo ao homem casado, mas…

Assim à missionária casada, compete saber seus limites. Não tem como concorrer com as missionárias solteiras (que têm tempo integral) nem com o esposo. Cheguei a ver meu esposo progredindo a passos largos nos estudos da língua indígena, estudando mais de oito horas/ dia já que tinha tempo disponível, ao passo que eu, como mãe, para ter apenas duas horas/ dia já precisava de um planejamento impecavelmente inglês. É justamente aí que algumas mulheres caem doentes e/ou desistem do ministério.

Mas voltemos à Nancy Judson. Essa mulher chega pela primeira vez a seu campo já com um filho natimorto. Passado mais um tempo, perde outro filho com apenas seis meses de vida, vê o esposo ser levado como prisioneiro em contexto de guerra, e a partir daí começa uma saga de sofrimentos para ambos: ele, entre maus-tratos, risco de ser executado, acorrentado de dia, torturado às noites; ela, à porta da cadeia, pedindo favores ou subornando os guardas para, ao menos, ver o esposo. Vivendo sozinha em terra estrangeira, com filhos pra cuidar, e para piorar a situação… Grávida! Dar à luz nessa situação, tendo a saúde abalada, sequer podia amamentar a criança. Ali começou a morrer, pois sua saúde jamais foi recuperada. Até que, finalmente, após alguns meses da libertação do marido, morre.

“Comove a alma ao ler a dedicação de Ana Judson ao marido, e a parte que desempenhou na obra de Deus, e em casa até o dia da sua morte”, diz Boyer (1999, p. 121) ao comentar sua história e morte. Não é verdade?  

Mary Livingstone – Missionária parideira, abandonada, e dada por “ébria”

Mary, também filha de missionário (Robert Moffat, patriarca das missões na África do Sul), casou-se com David Livingstone no ano de 1845 sendo agraciada com um filho já naquele mesmo ano. Logo tiveram o segundo e neste intervalo mudaram-se três vezes de casa, com uma vida seminômade. Ou Mary ficaria numa casa no interior com seus filhos por grandes períodos sem o esposo viajante, ou teria que acompanhá-lo selva a dentro. Quando ficava em sozinha – não podia ser diferente -, sentia-se amedrontada. Livingstone, ciente, escreveu certa vez: “Mary acha a sua situação entre as ruínas um tanto lúgubre, pois me escreve que os leões estão retomando a sua propriedade e andam em volta de nossa casa à noite” (TUCKER, 1986, p.158). Que exagero! Eram apenas “leões”…

Na segunda alternativa, Livingstone levava a família toda nas suas peregrinações pela selva. Um detalhe interessante é que as gestações dela não eram respeitadas, pelo contrário, era motivo de queixa de sua parte. Tucker nos informa que “Livingstone queixava-se das ‘gestações freqüentes’ da esposa, comparando os resultados à produção de uma grande fábrica irlandesa” (1986, p.158). É certo que Mary não engravidaria se ele não a tocasse… Vale à pena lembrar que Mary perdeu um filho na primeira viagem exploratória. Detalhe: Livingstone era médico, portanto era de se esperar mais cuidado com a esposa e os filhos.

Por fim, Mary e os filhos são enviados de volta à Inglaterra (para não atrapalharem). Sem sustento e amparo das igrejas (afinal, missionário era ele que ficara no campo), os cinco anos seguintes foram deprimentes para Mary: “(…) sem casa e sem amigos, (…) vivendo quase sempre à beira da pobreza em alojamentos baratos” (TUCKER, 1986, p. 159). Nessa época surgiram boatos na sociedade missionária de que ela teria “caído em trevas espirituais, afogando sua miséria no álcool” (TUCKER, 1986, p. 159).

No dia 1 de maio de 1873, Livingstone foi encontrado morto, ajoelhado ao lado de seu leito. Os africanos entregaram o seu cadáver aos ingleses que, com honras de estado, o sepultaram na Abadia de Westminster, mas retiveram seu coração para enterrar ali mesmo, na África (BOYER, 1999; TUCKER, 1986). Você já deve ter ouvido esta história. Que honra! Maria e alguns filhos de Livingstone também foram sepultados na África, corpo inteiro, mas curiosamente, o coração de Livinstone é que inspira sermões missionários.  

Considerações finais

Entre nós existe um ditado muito popular que diz: “por trás de um grande homem há uma grande mulher!”. Seria realmente verdade o que diz esse ditado? Um grande homem tem mesmo por trás de si uma grande mulher? Como mensurar e por quais parâmetros julgariamos essa grandiosidade de ambos? E por que “por trás de” e não “ao lado de”?

Nas biografias que sintetizamos aqui constatamos algo interessante, senão triste: as esposas foram mesmo colocadas “atrás” deles. Pouco se falou-se sobre elas e quando o fizeram foi com pouco detalhe. Alguns comentários são apenas uma olhadela em contraste com os grandes feitos de seus esposos; pessoas comuns, ofuscadas por estarem atrás de pessoas mais brilhantes. Há também mensagens subliminares negativas acerca delas, como loucas, meras parideiras, pesos nos ombros dos desbravadores… Entendo eu, porém, que havia ali mulheres sofrendo angústias, depressão, confusão e uma série de sentimentos que acabaram por gerar situações que hoje nos chocam. Em renúncias, em pressões; numa época em que mulher não valia muito mesmo… Por isso, julgo necessário apresentar aqui o lado desumano de missões, lado este que poucas mulheres ousam falar por ainda viverem “por trás de” um grande homem, renegada de sua própria história, ou porque já morreram em si, sem entender suas próprias reações naturais às pressões do campo vs. conceitos de fé, submissão e missões.

Nossos pais de missões modernas nos devem algumas explicações. São tantos casamentos, tantos filhos abandonados, mulheres doentes e sozinhas, longe de suas terras-natal e famílias, vítimas de mortes precoces e SEM HISTÓRIA, anônimas (não no sentido de ausência de nome, evidentemente, mas que não se tornaram “mães de missões”, nem inspiram sermões; não lemos de suas frases, nem se preocuparam em escrever sobre elas). Anônimas sim, mas não menos significantes no seu papel. Anônimas por falta de leitura de sua contribuição no mundo de missões. É precisamente isso que precisamos repensar.

Grandes homens, grandes mulheres! De fato, nenhum está atrás do outro, antes ambos andam lado a lado, parceiros, cúmplices, como desde o princípio Deus planejou Adão e Eva – lateralizados (pensemos na costela!), não verticalizados. Não cabe aqui destacar maiores e menores, “…porque Deus não vê como o homem” (BÍBLIA, I Sm 16:7), e nisso tropeçaram os que nos privaram de uma história mais conjugada, mais honesta, de grandes casais missionários.

Esta revisão bibliográfica foi uma visita ao passado missionário. Foi uma viagem instigante, tensa, surpreendente e, por vezes, muito triste. Chorei e me indignei em certos momentos que me via como que passando com elas, pensando-os à minha própria história. Não temos o poder de mudar estas histórias – por mais que desejemos -, no entanto, podemos trazer do passado lições práticas que nortearão o nosso fazer ou não no campo, evitando, assim, que vidas preciosas sejam queimadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA, A. Tradução em português por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Atualizada no Brasil (ARA).

SBB. BIBLIA ON LINE. Módulo avançado. Versão 3.00. SBB. 2002.

BOYER, Orlando. Heróis da fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. 15. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

PADILLA, C. René. Missão integral: Ensaios sobre o reino e a Igreja. 2.ed. Londrina: Descoberta, 2003.

TAYLOR, Howard. O segredo espiritual de Hudson Taylor: As lutas e vitórias do homem que evangelizou a China. São Paulo: Mundo Cristão, 1976.

TAYLOR. William D. (Ed.) Valioso demais para que se perca: um estudo das causas e curas do retorno prematuro de missionários. 2. ed. Londrina: Descoberta, 2007.

TUCKER, Ruth A. “… Até aos confins da Terra.” – Uma história biográfica das missões cristãs. São Paulo: Vida Nova, 1986


Maria Arlete Dias é missionária, com capacitações em análise linguística e cultural; Bacharel em Teologia; professora licenciada em Sociologia; especialista em gestão escolar. Casada com o Pr. Ricardo Dias, serviu como missionária da Missão Novas Tribos do Brasil por 15 anos (1997-2012) entre os índios da etnia Matses, na Fronteira Brasil/Peru. Experiência com alfabetização indígena e ribeirinha; ensino religioso e plantio de igreja no Amazonas.


O conteúdo e as opiniões expressas neste texto são de inteira responsabilidade de sua autora e não representa a posição de todas as organizadoras e colaboradoras do Projeto Redomas. O objetivo é criar um espaço de construção e diálogo.

  

13 thoughts on “Missões – Questões de ontem para a mulher de hoje

  • 30 de agosto de 2017 em 19:17
    Permalink

    Excelente texto!! Como a autora, eu tbm me emocionei, me indignei e viajei pela história destas mulheres que, apesar de anônimas na história missionária, nos deixaram algo de si como ensinamento!! Aprendi com cada uma delas!!

    Resposta
  • 30 de agosto de 2017 em 19:41
    Permalink

    Uma visão bem diferente, das histórias que sempre ouvimos ou lemos de casais missionários e mulheres missionárias … Muito bom !

    Resposta
  • 30 de agosto de 2017 em 21:12
    Permalink

    Artigo maravilhoso, ousado, uma verdadeira reflexão sobre o ser esposa, ou a “não missionária”, em franca oposição ao abandono emocional, relacional e ao papel secundário da mulher do missionário. Tão duro e tão verdadeiro quanto se necessita. Deveria ser lido por todos, motivo de reflexão e mudanças nas agências missionárias e igrejas (muitas totalmente desinteressadas do tema).
    Me encontrei nele. Vivi algumas dessas situações e experimentei o lado “ser invisível”. Principalmente quando o lar se desfaz. Afinal, onde já se viu missionária sem esposo, não é?

    Resposta
  • 30 de agosto de 2017 em 21:46
    Permalink

    Muito bom o texto da missionária Maria Arlete Dias, embasado em ótima bibliografia e propriedade de causa, pela vivência no campo por 15 anos. Mas o que me chamou atenção, foi a sua fala e expressão de mulher. Tenho visto/ouvido muitas mulheres falando como homens: palavras e assuntos ditados por homens.
    É bom saber, como é ser mulher missionária, obter esse conhecimento por suas experiencias…
    Sem meias palavras, Arlete aborda uma verdade, que infelizmente não é discutida e, nem tema de ensino nas igrejas.

    Resposta
    • 31 de agosto de 2017 em 10:06
      Permalink

      Temática espinhosa essa, claro que a autora tem suas razões para o que diz e qualquer coisa que eu escreva será alvo de interpretação. Estamos falando de séculos atrás, e o que percebo como psicólogo social, é que as pessoas são, literalmente, construidas socialmente, ou seja, pensar na mulher do século XIX à luz da mulher de hoje é arriscado; não sei se essas mulheres se sentiam tão injusticadas PELOS HOMENS. As injustiças são fatos, mas não sei até onde esses missionários citados eram opressores de suas mulheres. É isso… podem discordar. Depois falo com minha amiga Arlete.

      Resposta
    • 1 de setembro de 2017 em 09:44
      Permalink

      Como missionária, não tenho como não me identificar com essas mulheres. Na verdade, acho que sou um pouco de cada uma. Não tenho dúvidas de que obedecer o ide Jesus pra mim foi umas das melhores realizações da minha vida, mas não posso negar que a falta da consciência de que sou “parceira”, “colega de ministério” e não só “a esposa”, me faz mal até hoje. O ministério do lar, sem dúvida é importantíssimo e jamais quero negligenciá-lo, mas não foi só por essa razão que fui para um seminário estudar. Não tenho problemas com o anonimato, até prefiro, mas o que eu acho que ainda falta é a conscientização dos fututos obreiros e esposos de que a esposa é sua colega de trabalho e também um ser humano fisiológico, emocional que vive na terra.
      Não atribuo “culpa” a agência A ou B. Só acho que é algo que pode ser trabalhado durante o preparo dos futuros obreiros.
      Parabéns Arlete pela iniciativa muito válida por sinal.

      Resposta
  • 31 de agosto de 2017 em 10:39
    Permalink

    Esse texto me faz pensar e repensar… A mulher tem um padrão e se sair desse padrão esperado já não é “mulher de Deus”. Se não passar fome, frio, com febre alta limpar, lavar, cozinhar não é mulher. Enfim uma somatória de apontamentos e padrões pré estabelecidos como se fossemos uma receita de bolo, siga os ingredientes que está tudo certo. Por outro lado penso numa inversão, onde a mulher quer e deseja servir no campo, ou na própria igreja, mas, é mulher ela só pode até ali. Eu tenho sim uma grande frustração porque me lembro no seminário e bem me lembro que as melhores notas não eram dos homens, os melhores trabalhos apresentados não eram dos homens, mas as mulheres só podem ir até ai…mais que isso… você sabe não cai bem. A igreja devo muito a ela, se hoje falo em público, canto, sei me expressar, liderar aprendi na igreja e sou grata ao corpo por isso. Mas eu entendo que essa mentalidade nada tem com Jesus. O mais importante é saber que estamos numa cultura terrena, aprendemos dentro dos padrões terrenos, atendemos a uma igreja que mesmo sendo grata é religiosa, e religião fala de suor, esforço físico. O que me consola nisso tudo é que vivo no sangue, que representa a Graça e Graça é de graça, e não preciso mais fazer nenhum esforço por ela!!! E essa graça me dá liberdade me faz gente e me sentir parte. Excelente texto, muito bem escrito uma leitura que nos levou realmente ao seu objetivo: refletir!!! Arlete Parabénssssssss

    Resposta
  • 1 de setembro de 2017 em 10:12
    Permalink

    Realmente são fatos muito reais vividos não só pelas mulheres mencionadas, mas também por inúmeras outras não só do século passado mas em nossos dias. Fatos estes infelizmente negados pelas próprias famílias, ignorados pelas igrejas, talvez por não saberem como tratar do “problema”. Parabéns pela abordagem clara e direta, expondo uma realidade que deve ser considerada (e tratada) de uma maneira séria, assim como o ministério: com amor, dedicação, paciência e perseverança.

    Resposta
  • 1 de setembro de 2017 em 14:40
    Permalink

    Nunca li ago tão profundo e exato do ponto de vista da vida humana e de seus conflitos, estou impressionado e quase culpado por pertencer a uma categoria de pessoas que se acham superiores – HOMENS, que não entendem e nunca entenderem que submissão não tem a ver com inferioridade mas função diferenciada e de igual importância… Meu coração sofre por saber que muitas mulheres passam por isso…. Como pude saber o nome dos maridos sem nunca ter sabido o nomes dessas mulheres! Obrigado amiga Arlete por me tornar uma pessoa melhor e mais sensível a essa pessoa tão extraordinária – A MULHER DE DEUS!

    Resposta
    • 7 de setembro de 2017 em 20:53
      Permalink

      Texto realmente profundo e tocante, nos leva a reflexão do papel da mulher no meio evangélico. Que esse texto sirva para os dias atuais, despertando um olhar mais atento e cuidadoso às mulheres cristãs em campo. Quê a mulher seja realmente enxergada e respeitada pela capacidade, inteligência e sabedoria e pelos dons com os quais Deus às abençoou e às escolheu como missionária e/ou esposa de, como pastora e/ou esposa de. Desejo que diante dessa explanacão com tal propriedade, da exposição de feridas ignoradas por todos até os dias atuais haja concientizacão de tais injustiças e que essas mulheres servas, saiam do anonimato e tenham o espaço que merecem para trabalhar na obra de Deus dignamente. Que Deus continue te abençoando minha irmã e que você seja cada vez mais usada por Ele e pra glória dEle.

      Resposta
  • 10 de setembro de 2017 em 07:14
    Permalink

    É Maria Arlete, o convite para a leitura deste artigo sobre “mulher e missões” veio muito bem a calhar, como nossa irmã e missionária já tínhamos ouvido você comentar pequenos trechos desta que agora, já acabastes de terminar. O que dizer depois de um visão feminina como estas “questões” que não se acham em livros teológicos?… Meus parabéns! É disso que nossa teologia latino-americana (em construção) precisa. De profundos novos pontos de vista sobre a nossa história tão conhecida da igreja/missões, mas às vezes falta este “toque de uma teóloga” como você, com uma experiência vivenciada ímpar na vida, igreja e campo missionário. Nunca li nada igual, e fiquei muito comovido e ao mesmo tempo agradecido, porque Deus cuidou e acompanhou estas mulheres (e seus maridos e filhos) até o fim de suas vidas e o único que pode galardoá-las pelas vidas doadas ao lado destes nossos missionários do passado. Para nossa tristeza ou alegria, esta é a nossa história… E hoje… Que bom que podemos alterá-la com a ajuda de Deus! Abração! Minha missionária exemplo de vida cristã e de inspiração teológica!

    Resposta
  • Pingback: Missões e as mulheres históricas | Caminhos da Missão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.