PODEM ME CHAMAR DE PASTORA

Por que as igrejas sempre esperam algo mais da mulher, esposa do pastor?

Começo com essa pergunta, pois ao longo de 25 anos de casada com um pastor – e vinte
deles em uma denominação histórica – sempre me incomodou o fato de se esperar que o
pastor tivesse não somente uma esposa, mas uma assistente.

Quando meu esposo era chamado para uma nova igreja, na entrevista com o Conselho, ele
era questionado sobre meus talentos: “A sua esposa rege coral, toca piano, canta, trabalha
com crianças, dirige reuniões de oração, aconselha casais,…?” Mas o contratado seria ele.
Parecia que desejavam dele não uma esposa, mas um pastor auxiliar. Porém o salário era
apenas para um. Desculpem-me pela comparação, mas parecia oferta de promoção: leve 2
pague 1.

Será que também esperam do homem, aspirante ao ministério pastoral, que ele procure por
uma esposa, não somente para ser sua companheira, mas que possa substituí-lo?
Mas, e nas denominações neopentecostais, em que a esposa do pastor é chamada de
pastora?

A diferença é que em vez de atuar como pastor auxiliar, ela tem que ser tão “pastor” da
igreja quanto o esposo. É esperado e, em algumas denominações, até exigido que pregue,
visite, expulse demônios, ministre em congressos, dirija reuniões, etc.

O que para algumas de nós pode ser extremamente difícil e, às vezes, ser feito por
obrigação/convenção, gerando uma enorme culpa. Falo por experiência própria.
Não me entendam mal. Eu sou inteiramente a favor da igualdade. Mas vejo mulheres se
lançando no ministério pastoral, para terem um pouco de respeito e/ou poder dentro das
igrejas.

Contudo, assim, continuamos sendo presas às convenções e, agora às eclesiásticas.
Precisamos nos desvencilhar desse assédio da competição com os homens. Esse engano
diabólico tem-nos feito esquecer da verdade, que perante a cruz de Cristo somos todos
iguais: “Não há … nem homem nem mulher; pois somos todos um em Cristo Jesus.” Gl
3.28. Isso é realmente igualdade.

Vivamos, independente do gênero, a plenitude do que somos em Deus. “E ele designou
alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres” Ef 4:11.

Sim, a tratarmos de pastoras, aquelas que receberam esse dom, por reconhecermos a obra
do Espírito na vida delas, mas sem jamais esquecer que cada uma tem um nome próprio.
Pois não somos os títulos, que instituições eclesiásticas nos delegam, somos filhas do Pai
Perfeito, que nos chama, a cada uma, pelo nome. “Jesus lhe disse: Maria! … “ Jo 20.16.


M. Cristina Rati é casada com Cláudio e mãe de Bianca e Timóteo. Licenciada em Letras pela UEPG e Missiologia pela FTSA. Atuante no ministério de ensino e pastoral há quase 30 anos.

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