Um desabafo sobre aceitação

Falar sobre a aceitação do corpo não é uma coisa fácil para mim ainda manas, eu sou uma mulher que apesar de todas as minhas certezas, me abalo com as inseguranças. Mas vou contar para vocês um pouco do que se passa na minha cabeça, pode não ser de cunho religioso, mas eu estou escrevendo com o coração, me abrindo em um real ato de desabafo.

Eu nunca fui uma mulher magra, nunca tive o corpo dito e conhecido como padrão, porém até os meus 18 anos eu estava na média e pra mim foi sempre tudo bem. Um dia quando eu tinha mais ou menos 20 anos, me olhei no espelho e percebi que era gorda, isso ficou acorrentado na minha cabeça com o sinônimo de ser algo ruim, como se tivesse deixado de ser eu.

Com toda essa ideia na cabeça iniciei a minha vida universitária que, apesar de ter sido a melhor época da minha vida até agora, teve os seus percalços. Cheguei à faculdade gorda e com isso, a autoestima abalada, pois ainda olhava no espelho e associava isso como algo ruim. Percebi que este não era só o meu pensamento, mas era também o pensamento de outras pessoas ao meu redor, estou sendo generosa, porque realmente todo mundo ao meu redor pensava a mesma coisa. Mesmo assim eu continuei lutando contra a minha própria cabeça dizendo: “Você é linda, você apenas mudou, mas continua linda”.

Os pensamentos ruins foram piorando conforme o tempo, meu coração foi ficando cada vez mais pesado, até chegar ao ponto de me sentir depressiva e sem esperança. Quando vi que a tristeza acumulada não era só mais uma tristeza, mas sim algo mais complexo que isso, me vi doente, me vi no espelho sem vida e com um pensamento: “Se nem eu mesma me gosto, por que outros irão gostar?”. Foi aí que eu me senti inundada por Cristo, percebi que todas as incertezas que eu tinha, todos os meus abalos poderiam me fazer sofrer, mas que eu tinha um ombro pra chorar, quando aconteciam coisas que só eu entendia.

Quando comecei a perceber que Deus poderia me consolar nessa área também, eu mudei algumas posturas. Ainda tenho minhas inseguranças, ainda sofro de vez em quando, mas foi graças ao conforto de Deus no meu coração que percebi que não é porque eu sou gorda que preciso me achar feia ou que ninguém gosta de mim. Manas, eu juro pra vocês que pode parecer “migué”, mas quanto mais eu me sinto bem, mais eu me sinto abraçada por Deus, mais eu me sinto confiante.

A maioria das pessoas que irão ler esse desabafo não me conhecem, mas eu digo pra vocês que além de linda, eu sou inteligente e legal. Pode parecer que eu “me acho” ou uma soar como falsa autoestima, mas não é. Tenho meus dias ruins, afinal, a gente não é à prova de balas, mas tenho mais dias bons do que ruins. Eu aprendi que a gente deve viver os dias ruins pensando no conhecimento e na beleza dos dias bons. Toda vez que eu coloco um biquíni eu penso: “Aii eu poderia ser mais magra!”. Então eu lembro que não preciso ser magra pra me sentir bem e pra vestir um biquíni, a única coisa que preciso é de um biquíni.

E por fim, só quero deixar um recado: manas, vocês podem se permitir sofrer pelos preconceitos que sofremos, isso é normal, o que você não pode é deixar de expressar o ser incrível que você é.


Viviane Gonçalves Dias, bacharela em direito pela UEL, linda, inteligente, e com um cabelo incrivelmente lindo.


O conteúdo e as opiniões expressas neste texto são de inteira responsabilidade de sua autora e não representa a posição institucional da ABUB, outra instituição ou de todas as organizadoras e colaboradoras do Projeto Redomas. O objetivo é criar um espaço de construção e diálogo.

 

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