Uma guerra entregue à “mulherzinhas”!

Para aqueles que acham que as mulheres na bíblia nunca estão atreladas a uma figura de influência, deveriam dar mais atenção para a história de Débora e também de Jael, duas mulheres que fizeram toda a diferença na libertação do povo de Israel do domínio de Jabim.

Introdução:

A história de Débora se encontra no livro de Juízes e se passou no período que vai desde a conquista de Canaã até o começo da monarquia em Israel.

O livro de Juízes mostra que depois que Josué morreu, os israelitas abandonaram ao Senhor e começaram a adorar outros deuses. Por isso, Deus permitiu que fossem conquistados pelos seus inimigos. Contudo, toda vez que isso acontecia o povo de Israel pedia para que Deus os socorresse e Ele mandava um líder que os livrava dos inimigos. Depois da morte desse juiz, tudo se repetia novamente: os israelitas adoravam os deuses pagãos, eram dominados por inimigos, eles pediam que o Senhor os socorresse e Ele lhes mandava um líder.

Dentre esses líderes de Israel esteve Débora, cuja história iremos explorar nesse estudo bíblico.

Texto: Juízes 4:1- 24 (Bíblia Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

  1. Depois que Eúde morreu, o povo de Israel pecou novamente contra Deus, o SENHOR. 2. Por isso o SENHOR deixou que eles fossem conquistados por Jabim, rei de Canaã, que governava a cidade de Hazor. O comandante do seu exército era Sísera, que morava em Harosete-Hagojim. 3. Jabim tinha novecentos carros de ferro. Durante vinte anos ele maltratou o povo de Israel sem dó nem piedade. Então o povo de Israel pediu socorro a Deus, o SENHOR.
  2. Débora, mulher de Lapidote, era profetisa. Era também juíza dos israelitas naquele tempo. 5. Havia uma palmeira entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim. Débora sentava-se debaixo dela, e os israelitas vinham até ali para que ela julgasse as questões que eles traziam. 6. Ela mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, que estava na cidade de Quedes, no território da tribo de Naftali, e lhe disse: – O SENHOR, o Deus de Israel, está lhe dando esta ordem: “Escolha dez mil homens das tribos de Naftali e Zebulom e os leve ao monte Tabor. 7. Eu vou trazer Sísera, o comandante do exército de Jabim, até o rio Quisom para lutar contra você. Ele virá com seus carros de ferro e soldados, mas eu farei com que você o vença.”
  3. Então Baraque disse a Débora: – Só irei se você for comigo. Se você não for, eu também não irei. 9. Ela respondeu: – Está bem! Eu vou com você. Mas você não ficará com as honras da vitória, pois o SENHOR Deus entregará Sísera nas mãos de uma mulher. E Débora foi com Baraque para Quedes.
  4. Baraque convocou as tribos de Zebulom e Naftali para a cidade de Quedes, e dez mil homens o seguiram. E Débora foi com ele.
  5. Acontece que Héber, o queneu, havia se separado dos outros queneus, os descendentes de Hobabe, cunhado de Moisés. Ele havia armado as suas barracas perto do carvalho de Zaananim, que não ficava longe de Quedes.
  6. Avisaram Sísera que Baraque, filho de Abinoão, havia subido ao monte Tabor. 13. Então ele mandou vir os seus novecentos carros de ferro e todos os seus homens e os fez ir de Harosete-Hagojim até o rio Quisom.
  7. Então Débora disse a Baraque: – Vá agora porque é hoje que o SENHOR lhe dará a vitória sobre Sísera. O SENHOR está com você! Então Baraque desceu do monte Tabor com os seus dez mil homens. 15. Quando Baraque apareceu com o seu exército, o SENHOR fez com que houvesse uma grande confusão no meio dos soldados e dos carros de Sísera. Aí Sísera desceu do seu carro e fugiu a pé. 16. Mas Baraque perseguiu os carros e o exército até Harosete-Hagojim. Todo o exército de Sísera foi destruído; ninguém escapou.
  8. Porém Sísera fugiu para a barraca de Jael, mulher de Héber, o queneu. Ele fez isso porque Jabim, rei de Hazor, estava em paz com a família de Héber. 18. Jael saiu da barraca para encontrar Sísera e lhe disse: – Entre, meu senhor. Entre na minha barraca. Não tenha medo. Então ele entrou, e Jael o cobriu com um tapete.
  9. E Sísera pediu a ela: – Por favor, me dê um pouco de água porque estou com muita sede. Ela abriu um odre de leite e lhe deu de beber. Depois cobriu Sísera de novo. 20. E ele disse: – Fique na porta da barraca e, se alguma pessoa vier e perguntar se há alguém aqui, diga que não.
  10. Sísera estava muito cansado e caiu num sono profundo. Aí Jael pegou um martelo e uma estaca da barraca, entrou de mansinho e fincou a estaca na cabeça dele, na fonte. A estaca atravessou a cabeça e entrou na terra. E ele morreu.
  11. Quando Baraque chegou, perseguindo Sísera, Jael saiu para encontrá-lo e disse: – Venha cá, e eu lhe mostro o homem que você está procurando. Então Baraque foi com ela e encontrou Sísera no chão, morto, com a estaca atravessada na cabeça.
  12. Naquele dia Deus fez com que os israelitas derrotassem Jabim, o rei cananeu. 24. E eles continuaram atacando Jabim cada vez mais, até acabarem com ele.

PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO:

  • Por que o povo de Israel foi conquistado por Jabim? Depois de 20 anos sendo maltratados, a quem o povo de Israel foi pedir socorro?
  • Qual a mensagem que Débora deu a Baraque e como Baraque reagiu a essa mensagem?
  • Por que o texto enfatiza que Deus entregaria Sísera a uma mulher (v. 8)? O que isso pode significar?
  • Compare o exército de Jabim com o exército de Baraque. O que fez com que Baraque tivesse coragem de enfrentar o inimigo?
  • Como o exército de Sísera foi derrotado? Como Sísera morreu?
  • Mesmo considerando a cultura da época, vemos em algum momento a liderança de Débora ser questionada pelo fato dela ser uma mulher? Que características faziam dela uma mulher escolhida por Deus para libertar o povo?
  • O que Deus realmente leva em conta quando vai escolher alguém para assumir um papel de influência na sociedade? Quais características são realmente importantes para Deus?

Para concluir:

Leia os versículos a seguir:

“12. — Povo de Israel, escute o que o Senhor Deus exige de você. Ele quer que vocês o temam e sigam todas as suas ordens; quer que o amem e que o sirvam com todo o coração e com toda a alma. (…) 16. Portanto, sejam obedientes a Deus e deixem de ser teimosos. 17. Pois o Senhor, nosso Deus, está acima de todos os deuses e autoridades. Ele é grande, poderoso e causa medo. Ele trata a todos igualmente e não aceita presentes para torcer a justiça. 18. Ele defende os direitos dos órfãos e das viúvas; ele ama os estrangeiros que vivem entre nós e lhes dá comida e roupa.”

(Deuteronômio 10: 12-18)

“41. Jesus estava no pátio do Templo, sentado perto da caixa das ofertas, olhando com atenção as pessoas que punham dinheiro ali. Muitos ricos davam muito dinheiro. 42. Então chegou uma viúva pobre e pôs na caixa duas moedinhas de pouco valor. 43. Aí Jesus chamou os discípulos e disse:

— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: esta viúva pobre deu mais do que todos. 44. Porque os outros deram do que estava sobrando. Porém ela, que é tão pobre, deu tudo o que tinha para viver.”

(Marcos 12: 41-44)

“Então Pedro começou a falar. Ele disse:

— Agora eu sei que, de fato, Deus trata a todos de modo igual, pois ele aceita todos os que o temem e fazem o que é direito, seja qual for a sua raça.”

(Atos 10: 34 – 35)

  • Levando em conta a história de Débora e os textos a cima, você acha que quando Deus levanta alguém para assumir um papel de influência na sociedade, Ele olha a aparência, se é o homem ou mulher, se tem grandes habilidades, se tem um bom currículo lattes?!

Débora talvez fosse uma líder improvável pelo fato de ser mulher em uma sociedade em que as mulheres tinham pouca voz. Contudo, Débora tinha o que Deus procurava, ou seja, um coração fiel a Ele, disposição para servir, temor a Deus e muita fé.

Então…a pergunta que não quer calar:

Se os critérios de Deus para escolher alguém para a sua obra estão pautados na obediência, fidelidade, serviço, amor etc e não em habilidades, condição de gênero, raça etc, porque ainda em alguns espaços cristãos levamos tanto em conta a aparência ou condições meramente externas? O que pode ser feito para mudar essa realidade?

Para refletir:

“O modelo masculino promovido na igreja permanece parcial e machista. Exige-se da mulher obediência às determinações de liderança e realizações das funções num modelo hierárquico muito distante do modelo de Corpo revelado na Palavra, que supõe, como vimos, submissão mútua e interdependência. O resgate do respeito mútuo, conforme projeto original de Deus, permite a eclosão enriquecedora das diferenças individuais complementares a partir de uma base comum que equilibra razão e emoção, intuição e sensações. É o caminho do coração, que restaura o primeiro amor, a capacidade de se apaixonar por esse Deus insondável e de encontrar nossa verdadeira vocação, que é essencialmente relacional.” (Isabelle Ludovico)

Referências:

Bíblia de Estudo NTLH. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.

LUDOVICO, Isabelle. O resgate do feminismo: a força da sensibilidade e ternura em homens e mulheres. São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p. 67.

Opinião das amigas por WhatsApp.


Tamara Bark fala leitê quentê, é advogada e abuense.


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